terça-feira, 14 de abril de 2015

Por que nós não agachamos?

Por Michael Boyle
(Tradução e adaptação por Gabriel Luz.)

Infelizmente me tornei famoso (ou infame) na internet, devido ao meu ponto de vista sobre o treinamento de membros inferiores. Um amigo me perguntou se eu poderia explicar brevemente meus pensamentos, então escrevi isto. A questão do porquê nós não agachamos tem ambas respostas simples e complexas. A primeira razão é que encontramos no agachamento por trás e no agachamento frontal as principais causas de dor lombar em nossa população atlética. Em qualquer etapa, em qualquer época do ano, cerca de 20% dos nossos atletas estaria lidando com algum tipo de dor nas costas que, ou foi causado pelo agachamento ou acentuado por ele.

O problema era encontrar uma alternativa que permitiria cargas semelhantes. A resposta veio em três passos.

O primeiro passo foi na verdade uma imagem de um dos atletas de Joe DeFranco indo muito pesado no afundo búlgaro com dois (eu acho que foi com 55 kg) halteres. Esse quadro abriu a minha mente para a idéia de que nós poderíamos usar cargas realmente pesadas em exercícios unilaterais. Meu primeiro pensamento foi "uau, que seriam 480 para repetições com duas pernas". Como resultado, eu reavaliei e adicionei afundos búlgaros pesados aos nossos programas.



O segundo passo foi um artigo do treinador de velocistas Barry Ross. No artigo Ross falou como o levantamento terra exigia o uso de mais massa muscular do que o agachamento e é, na verdade, o melhor exercício para o corpo todo. Quando sentei e ponderei a respeito, tive que concordar. O trabalho de pegada e o trabalho das costas são características do levantamento terra, ausentes no agachamento. Eu não gostava de levantamento terra, porque as minhas memórias do levantamento terra eram feias que eu fiz em 1980 num encontro  de powerlifting. Mais uma vez, como resultado, acrescentei barras hexagonais de levantamento terra ao nosso programa.


O último passo foi começar a olhar para o conceito de déficit bilateral. A pesquisa sobre déficit bilateral (na verdade, não é nova) apoiou o que vimos. O que vimos no afudo foi que os nossos atletas estavam usando cargas proporcionalmente mais pesadas do que eles tinham usado no agachamento. Na verdade, após um ano, vimos que os nossos atletas de afundo e agachamento frontal eram iguais.
À medida que progredimos na nossa sempre experimental programação vimos a mudança que desejamos. Tivemos atletas mais saudáveis. Como eu sempre disse, os atletas saudáveis são a meta número 1, melhores atletas vêm em segundo lugar. O que descobrimos é que o levantamento terra deu-nos uma escolha bilateral, mais quadril dominante que parecia diminuir a dor nas costas enquanto o afundo búlgaro realmente nos deu ambas as cargas mais elevadas e unilateral, cargas especificas do esporte. A única coisa errada foi que estavam rejeitando o tabu do agachamento.

Meus pensamentos sempre foram controversos, mas, sempre enraizada no que era melhor para o atleta. Infelizmente os detratores (odiadores é o termo popular agora) não querem pensar. Eles simplesmente querem fazer o que sempre fizeram.

Isto leva-me a uma das minhas citações favoritas de Lee Cockrell em seu livro Criando Mágia:
"E se a forma como sempre fazia era errado?"

Alimento para o pensamento e forragem para o debate.

Obs:  Nós adicionamos o agachamento frontal de volta com os nossos jovens atletas para ensinar a captura do Clean e nós fazemos alguns agachamentos taça com iniciantes, mas, você não vai ver nenhum atleta com grandes cargas em seus ombros em nossas instalações, a menos que eles sejam obrigados a fazer isso para um teste da faculdade.

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